A zircônia ultratranslúcida tem se destacado na odontologia moderna devido às suas propriedades estéticas e mecânicas superiores. Este material cerâmico, conhecido por sua alta resistência e biocompatibilidade, passou por avanços significativos em sua microestrutura, resultando em três gerações distintas: convencional, translúcida e ultratranslúcida.

A última geração, em particular, tem sido amplamente adotada em aplicações clínicas devido à sua capacidade de combinar estética e durabilidade.Recentemente, um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em colaboração com outras instituições, investigou o impacto de diferentes tratamentos de superfície na resistência ao cisalhamento da zircônia ultratranslúcida ao cimento resinoso.

Este estudo é crucial, pois a adesão eficaz entre a zircônia e o cimento resinoso é essencial para a longevidade das restaurações dentárias.

Metodologia e Resultados

O estudo avaliou 36 blocos de zircônia ultratranslúcida, submetidos a diferentes tratamentos de superfície, incluindo jateamento com óxido de alumínio, silicatização, aplicação de glaze e o uso de uma nova suspensão de ZrO2 chamada Zirlink. Os blocos foram então cimentados com cilindros de cimento resinoso e testados quanto à resistência ao cisalhamento.

Os resultados indicaram que a silicatização, associada à silanização, proporcionou os melhores resultados em termos de resistência de união, superando outros métodos de tratamento de superfície. Em contraste, o tratamento com Zirlink, apesar de prometer uma adesão significativamente maior, não demonstrou eficácia superior em comparação com técnicas tradicionais de abrasão.

Análise Crítica

A pesquisa destaca a importância de escolher o tratamento de superfície adequado para otimizar a adesão da zircônia ao cimento resinoso. A silicatização mostrou-se eficaz, possivelmente devido à combinação de ligação mecânica e química proporcionada pelo revestimento de sílica. Por outro lado, o desempenho inferior do Zirlink sugere que a concentração e a composição da suspensão podem não ser ideais para promover uma adesão robusta.

Além disso, a análise de falhas revelou que os grupos com maior resistência de união apresentaram predominantemente falhas coesivas no cimento, enquanto os grupos com menor adesão exibiram falhas adesivas. Isso reforça a correlação entre a resistência de união e o tipo de falha observada.

Conclusão e Implicações Práticas

Este estudo fornece insights valiosos para a prática clínica, sugerindo que a silicatização é o método mais eficaz para melhorar a adesão da zircônia ultratranslúcida ao cimento resinoso. No entanto, a pesquisa também aponta para a necessidade de mais estudos sobre o uso de novas tecnologias, como o Zirlink, para entender melhor suas limitações e potencialidades.

Para os profissionais de odontologia, a escolha do tratamento de superfície adequado pode impactar significativamente a durabilidade e o sucesso das restaurações de zircônia. Portanto, é essencial considerar as evidências científicas ao selecionar materiais e técnicas para garantir resultados clínicos ótimos.

Referências

• CRISPIM, Anne Heloyse Teixeira et al. Effect of ZrO2 paste, surface treatments, and storage on Weibull characteristics and resin bond strength to zirconia. Brazilian Dental Journal, v. 35, 2024.

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